ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS PROPÕE CRIAÇÃO DE UMA FACULDADE FEDERAL DIFERENTE DAS UNIVERSIDADES

Após analisar os principais problemas e desafios do Ensino Superior no Brasil, o Grupo de Trabalho sobre o Ensino Superior Brasileiro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) elaborou propostas para ampliar o acesso ao ensino público e modernizar a estrutura educacional. Entre as sugestões está a de criar um novo modelo de Instituição de Ensino Superior (IES) no Brasil, melhorar a formação de professores e qualificar o ensino a distância (EAD) público.
O relatório "Um olhar sobre o ensino superior no Brasil" foi lançado no último dia 7, no Rio de Janeiro. “São grandes os desafios para expandir – de forma substancial e com qualidade – as matrículas no Ensino Superior público. Tais desafios só poderão ser vencidos com um conjunto de ações sistemáticas, contínuas e em paralelo”, diz o documento.
A primeira ação sugerida é a criação de uma faculdade federal, diferente das universidades já existentes – em que o ensino é inseparável da pesquisa e da extensão. Essas novas estruturas, que o documento sugere que sejam chamadas de Faculdade Federal do Brasil (FFB), seriam focadas no ensino para atuar de forma complementar às universidades federais e aos Institutos Federais (IFs).
A proposta é de que os IFs devem "fortalecer sua atuação na formação de técnicos e tecnólogos, enquanto as universidades federais manteriam sua atuação nos níveis de graduação e pós-graduação". Neste modelo, a novidade do sistema seriam as FFBs, "que se posicionariam de forma intermediária entre os IFs e as universidades, com foco apenas em ensino de graduação e desenhados para promover a massificação do Ensino Superior com a qualidade”, explica o material.
Na incorporação das FFBs, a ABC recomenda, ainda, que haja flexibilidade e diversidade de opções de percurso acadêmico e horários para os alunos, menos tempo em sala de aula e a incorporação de aspectos de EaD e novas tecnologias.
O relatório também sugere o foco da atuação dos IFs e dos Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) na formação tecnológica em cursos técnicos de nível Médio, tecnólogos de nível Superior e Licenciaturas. Se implementada, a ideia redirecionaria "a carga horária dos docentes para atividades de ensino e aprendizagem em profissões técnicas e tecnológicas, com rápida inserção no mercado."
O grupo aponta a força do EaD no Brasil e reafirma a necessidade de qualificar a oferta dessa modalidade no ensino público. "Infelizmente, esse espaço é ocupado hoje em dia, fornecendo títulos de graduação superior totalmente EaD, em boa parte, por cursos de baixíssima qualidade, realizados em sua maioria em instituições privadas", cita.
O documento recomenda, ainda, ações para modernizar o ensino, como a criação de Centros de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas (CFAEs). A ideia inclui criação de cursos multidisciplinares e a necessidade de garantir uma cultura de inovação nas IES.
Além disso, a ABC ressalta a importância de recuperar a infraestrutura do Ensino Superior público e combater a evasão nas universidades e institutos federais.
“É necessário apoio financeiro aos estudantes (bolsas, moradia e alimentação), melhorias do processo de seleção dos ingressantes, estímulo à sua permanência na instituição pela adoção de um modelo flexível que permita ao estudante definir seu itinerário acadêmico", acrescenta.
Fonte: portal de notícias GZH


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